A diva do heavy metal sinfônico Tarja Turunen não é mais novidade para ninguém aqui no Brasil. Desde que deixou o Nightwish em 2005, banda que fundou e liderou por nove anos, a musa já desembarcou em terras brasileiras por quatro vezes, contanto o ultimo show realizado nesta quarta-feira, 05/04/2012 em São Paulo no Via Funchal para a promoção de seu novo trabalho What Lies Beneath e como já era esperado, ela realizou um show intenso, carismático e irretocável.
Com quase quarenta minutos de atraso, fato que considero deveras desrespeitoso com o público presente, Tarja e sua banda sobem ao palco do Via Funchal. O público parecia não se importar com o atraso e demonstrava muita ansiedade para o inicio do show gritando por Tarja sem parar. Com uma espécie de cortina semitransparente com o rosto da cantora estampada, a banda inicia o show com a música Anteroom of Death, cantada do começo ao fim pelos quase dois mil fãs presentes.
Era possível ver somente o vulto dos músicos enquanto a cortina permanecia estendida. Tarja usava uma máscara macabra, deixando sua imagem muito soturna e enigmática. Visualmente o efeito combinado com uma densa nuvem de fumaça, teclados climatizados e com o violoncelo deixava o clima muito gótico e impactante. Ao fim da primeira música a cortina cai, o público grita em puro ecstasy, Tarja sorri um riso largo, sincero e simpático, desejando boa noite a todos em um português muito bem falado.
A musa desfila de um lado a outro do palco, sem parar, sempre sorrindo e cantando com sua poderosa, afinada, marcante e emocional voz. Voz que a tornou famosa e ícone do segmento da música pesada e sinfônica. Apesar dos sorrisos, ela tem uma postura de palco muito agressiva e típica dos melhores vocalistas de heavy metal, sempre"bangueando" e tocando sua air guittar com intensidade.
Dark Star, Naiad, Falling Awake, Little Lies Band, Into The Sun e a já clássica I Walk Alone, que parece muito com as musicas das trilhas sonoras dos filmes do Tim Burton, são as músicas que vão sendo tocadas pela banda e cantadas uma a uma pelo público no decorrer do show. Quem já assistiu alguma apresentação de Tarja, sabe que sua simpatia e carisma são alguns dos pontos altos de suas apresentações ao vivo. Mesmo quem havia presenciado sua ultima apresentação em São Paulo em 2010, que foi extremamente fraca, pode ver nesta noite de quinta-feira que nada havia mudado, a diva estava de volta a sua melhor fase.
Um fato engraçado, para um show de heavy metal, foi se repetindo ao longo do show. Tarja ia sendo presenteada pelo fãs a todo o momento com diversos bichinhos de pelúcia. Os presentes vão desde corações com frases de amor, passando por ursinhos peludinhos e chegando a uma cesta, muito bonita por sinal, cheia de guloseimas contendo docinhos e chocolates. Ela recebe com carinho cada um dos presentes mostrando gratidão cantando abraçada com cada item recebido, depois os guardando no fundo do palco.
Entre os músicos que compõem sua banda, na bateria esta a lenda viva da música pesada, Mark Terrana. O mestre das baquetas já tocou com Yngwie Malmsteen, Roland Grapow, Axel Rudi Pell, Rage, Masterplan, Kiko Loureiro entre outros. Como era de se esperar ele fez um solo de bateria digno de sua história na música. Seu solo foi cheio de viradas, mudanças rítmicas que iam desde o simples frenesi pela velocidade e barulho, até batidas técnicas e pontuais em cada peça do seu kit. Fora o malabarismo muito bem feito e extremamente exagerado com as baquetas, era possível sentir uma batida cheia de groove e funk por vários momentos durante seu solo. Sinceramente, este foi o melhor solo de bateria que presenciei nos últimos anos em território brasileiro.
A primeira parte do show vai chegando ao fim, mas não antes de um pocket show acústico onde a banda interpreta com maestria o medley Rivers of Lust / Minor Heaven / Montañas de Silencio / Sing for Me / Fell Immortal. O público vem abaixo com muitos aplausos e gritos frenéticos de "Tarja eu te amo"! Era óbvio que a musa havia reconquistado o público brasileiro. Depois de tocarem a inédita Never Enough o show é finalizado com In For A Kill. Tarja e banda saem do palco sob muitos aplausos e pedidos de retorno.
Para abrir o bis a musa Tarja Turunen escolheu a primeira música do Nightwish a ser tocada na noite, Bless The Child. Na sequencia as músicas Die Alive e Until My Last Breath encerraram o show. Tarja sai do palco novamente após junto com sua banda se despedir do público, que não parava de gritar por Wishmaster, música que se tornou um hino do heavy metal sinfônico e maior hit do Nightwish.
A banda volta ao palco, mas contrariando aos pedidos dos fãs toca a também aclamada Over The Hills And Far Away. Por fim a musa se despede derradeiramente e as luzes se acendem. Era o fim de mais um espetáculo memorável de Tarja Turunen no Brasil.
Não posso deixar de dizer que atraso para o inicio do show, a contestável simplicidade das músicas de sua carreira solo, chegando a parecer pop em alguns momentos, a subutilização de Mike Terrana na bateria e o pouco público que presenciou o show, foram os pontos fracos da noite e os pontos fracos de sua carreira solo. Mesmo assim, para os fãs saudosistas do Nightwish e para os novos fãs da Tarja Turunen, o show foi excelente. Para os fãs mais velhos, mais exigentes e mais tradicionais, foi um bom show de uma ótima cantora que é carismática e detentora de uma poderosa e afinada voz. O saldo da noite é positivo, com certeza, como eu havia dito o show foi intenso, carismático e irretocável. Esperamos que a diva retorne logo ao Brasil, pois aqui o público a ama incondicionalmente.