Antes de qualquer comentário sobre as músicas, uma pergunta:
você é familiarizado com o som do Opeth?
Digo isso porque, em caso afirmativo, já sabe que se trata
de uma música de qualidade - diferente da maioria das coisas que se ouve por aí
- e bastante peculiar pela mistura de elementos progressivos como variação
rítmica e melódica e intervenções inusitadas de instrumentos acústicos durante
partes pesadas e agressivas. Diferente da maioria das bandas chamadas de Prog
Metal, sem demonstrações de técnica desnecessárias. Pois bem, se você é fã dos
caras, sabe também que eles não tem medo de ousar, como quando lançaram o álbum
Damnation.
O lance aqui é que os caras mergulharam fundo no progressivo
setentista. Em momento algum o disco chega a soar datado ou cansativo. Suas 10
faixas esbanjam bom gosto e exuberância musical, mas não é um álbum de fácil “digestão”.
São necessárias algumas audições atentas
para perceber todas as nuances da obra e, ainda assim, a cada vez que ouvimos, descobrimos
um detalhe que tinha passado
despercebido.
A qualidade do trabalho feito por Mikael Âkerfeldt e banda é
tanta que fica difícil apontar um destaque. Desde a abertura singela ao som de
piano da instrumental Heritage, até a Narrow The Earth, a música flui de uma
maneira intensa, porém sem nenhuma passagem que lembre Metal. Talvez a mais
próxima disso seja Slither que, com um riff no melhor estilo Richie Blackmore,
fica bem próxima dos trabalhos antigos do Rainbow. Vocais guturais, distorções sujas
de guitarras e blast beat? Esqueça! Esta não é nem de longe a proposta. Algumas
faixas chegam a lembram o King Crimson, como é o caso de Nepenthe.
Se tivesse que escolher apenas uma música, provavelmente
ficaria com Famine que consegue abranger um espectro bem vasto de sonoridades,
desde o seu começo com flauta e percussão, passando pelo piano e vocal, seguido
de um ótimo riff com andamento quebrado de bateria e continua até o
final trabalhando muito bem a variação light/shade que sempre foi
característica da banda.
Voltando à pergunta lá do início. Não conhece? Neste caso,
você gosta de Progressivo? Rock? Música? Então, meu amigo, não deixe de ouvir.
Esta resenha foi feita a partir de uma edição de
colecionador importada que conta com uma capa 3D, DVD bônus com entrevistas e making
of do disco, além do áudio 5.1 e duas faixas extras: Pyre e Face In The Snow.
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