terça-feira, 20 de novembro de 2012

Kiss mostra no Rio espetáculo que resiste ao tempo


Por Filippo Pitanga
Fotos Gabriela Magnani
19/11/2012

Nesta noite de 18 de novembro de 2012, o Kiss apresentou, na HSBC Arena do Rio de Janeiro, o show de promoção de seu novo álbum, "Monster", que dá nome à turnê (é o 20º de estúdio da banda, ou, contando os ‘ao vivo, o 28º), e o que se viu foi que, sob a maquiagem e sobre as rugas, o espetáculo do grupo resiste ao tempo. A abertura da noite ficou por conta da banda Viper, comemorando 25 anos de seu 1º disco, "Soldiers of Sunrise", na turnê ‘To Live Again 2012, numa apresentação que durou módicos 32 minutos.

Surpreendentemente pontuais, às 21h02, os integrantes do Kiss foram baixados ao palco, cada um deles em plataformas individuais, para já lançar de cara dois clássicos de sacudir a plateia, "Detroit Rock City" e "Shout it out Loud", conquistando o público, que por pouco não brindou a megacapacidade da Arena de 16.000 lugares com o aviso de lotação esgotada. Depois da também animada "Calling Dr. Love", os músicos introduziram duas do novo álbum, "Hell or Hallelujah" (que tem chances reais de permanecer no repertório fixo) e "Wall of Sound". Mas foi com o sucesso do segundo álbum "Hotter than Hell" e do mega-hit cantado por Gene Simmons "I Love it Loud" que eles conquistaram de vez os gritos da plateia, que sabia cada verso de cor. Exatamente como em Porto Alegre e São Paulo, mas diferentemente do show na Argentina (onde os integrantes da banda tocaram mais duas do álbum "Monster"), "Outta This World" foi a última nova da noite, cantada pelo guitarrista Tommy Thayer - o Kiss é uma das raras bandas em que todos os integrantes têm sua vez, inclusive cantando algumas do set list. Prova dessa generosidade foi o próprio vocalista levantar o público para gritar o nome de Tommy.

Dessa altura do show até o final, quem foi à Arena viu um clímax atrás do outro. Desde a batalha de solos entre a guitarra de Tommy e a bateria de Eric Singer, com direito a ‘disparos fictícios (até com lança-míssil) que produziam explosões no teto. Em seguida, Gene, sozinho, com domínio total de palco e uma das mais pesadas músicas do Kiss, "God of Thunder", protagonizou o ponto mais alto da noite: na cena, depois de as luzes escurecererem como num filme de terror, o baixista começa a cuspir sangue, com sua característica língua gigantesca de fora, e é erguido acima das armações de ferro do teto. Mais luzes, explosões e labaredas. Assim entra "Psycho Circus" (muito querida das novas gerações, pois quem nasceu depois da década de 70 foi introduzido à banda por intermédio do álbum homônimo de 1998), seguida de outra de Gene: "War Machine". Tudo é embalado por telões com mil imagens: cosmos, morcegos, guerreiros, dragões, correntes etc. Quando parece que nada mais pode ter o mesmo impacto sobre o público, o impossível acontece de novo: o vocalista Paul Stanley voa sobre a multidão para o outro lado da Arena em "Love Gun".

Depois de tocarem de brincadeira a introdução de "Stairway To Heaven", do Led Zeppelin, sob vaias para que voltassem a tocar músicas suas, os músicos encerraram com "Black Diamond", de seu 1º álbum, de 1974. A música é cantada pelo baterista, sob globo de luzes girando em 360º.

O Kiss volta então para o bis desafiando: "We came to say good night. We gotta go! Yesterday we played in SP, and it was amazing! Do you want to be number one?! Make some noise! ("Nós viemos dizer boa noite. Temos de ir! Ontem tocamos em São Paulo, e foi maravilhoso! (Sob vaias dos cariocas.) Vocês querem ser número um?! Então façam muito barulho!"). Os integrantes entram então, em coro geral, com "Lick It Up", "I Was Made for Lovin" e seu maior hit "Rock-N-Roll all Nite", encerrando um show até relativamente curto, de 1h45m, antes mesmo das 23h, mas usando todas as cartas da manga ao mesmo tempo: labaredas, faíscas em redemoinhos, fogos de artifício (mesmo em ambiente fechado), fumaça, luzes e chuva de papel picado. E deixando um gostinho de quero mais: a banda colocou no telão, ao sair, "Kiss Loves You", ao som da gravação de "God Gave Rock Roll to You", que o público entoou ao ir embora. 

Ao final, soou como incontestável a capacidade da banda em transformar cada canção em um evento, com o máximo que a tecnologia pode realizar ao vivo, e sempre com ritmo e som impecáveis e contagiantes, até para quem não conhece nada do repertório, como tantas crianças que cada vez mais são levadas pelos pais e avós (famílias inteiras comparecem ao shows do grupo com as caras pintadas como seus ídolos). O Kiss é, sim, bom de marketing, mas a verdade é que toda a indústria da música, independentemente do gênero, tem muito a aprender com eles. Afinal, música é produto também (e o Kiss tem camisas, canecas, brinquedos, quadrinhos, animações, games...), mas pode ser um excelente produto.

Formação AtualPaul Stanley - vocais, guitarra rítmica
Gene Simmons - vocais, baixo
Eric Singer - bateria, percussão, vocais 
Tommy Thayer - guitarra solo, vocais

Set list:Detroit Rock City 
Shout It Out Loud 
Calling Dr. Love 
Hell or Hallelujah 
Wall of Sound 
Hotter Than Hell (Gene spits fire)
I Love It Loud 
Outta This World (Tommy and Eric Jam)
Bass Solo (Gene spits blood and flies)
God of Thunder 
Psycho Circus 
War Machine 
Love Gun (Paul flies)
Black Diamond (with short Paul guitar solo)

Bis:Lick It Up (snippet of "Won Get Fooled Again" by The Who) 
I Was Made for Lovin You
Rock and Roll All Nite 
God Gave Rock ‘n Roll to You II

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Sou bancário (e isso é muito ruim, acreditem), guitarrista e vocalista da banda Raiobitz (Rio Claro-SP), colaborador do Whiplash.net e pai em horário integral. Curto rock e todas as suas vertentes desde que me entendo por gente e quero compartilhar dessa paixão.