segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Soulfly em São Paulo (Via Marquês, 25/02/2012)


Por Julio Feriato/Fotos: Irisbel Mello
Por mais que digam que devemos parar de comparar o SEPULTURA da fase atual com a fase antiga, não adianta, sempre irão surgir comparações e sempre iremos relembrar o quanto eles eram fenomenais na época de Max Cavalera. E, não há como negar o quanto eles decaíram, tanto em sonoridade quanto em popularidade, desde a saída do carismático vocalista.
Mas na noite de 25 de fevereiro, os fãs de Max puderam matar a saudade que sentiam dele, já que sua atual banda, o SOULFLY, desembarcou no Brasil para uma série de shows, e lógico que a capital paulista não poderia ficar de fora.
Inicialmente o show iria ocorrer no Santana Hall, porém, de última hora, fora transferido para o Via Marquês, na Barra Funda. A casa não é grande, mas possui boa infraestrutura para receber eventos como esse. A única coisa que seus proprietários poderiam repensar é sobre a altura do palco, que é baixo demais, e quem está lá no fundo quase não consegue enxergar direito detalhes do espetáculo (odeio assistir aos shows com a ponta dos pés).
Uma das bandas de abertura foi o SKIN CULTURE, que começou a tocar para um público ainda pequeno por volta das 19h:30m. O grupo é pouco conhecido, porém possui uma bagagem invejável abrindo shows para o KORN, ILL NINO e P.O.D.
O som é um metal “grooveado” que mescla várias influências do Thrash Metal tradicional com nuances mais modernas, e agradou. O vocalista Shucky Miranda é uma simpatia, porém deveria falar menos nos intervalos entre as músicas, já que o tempo de uma banda de abertura é bastante curto. O show, segundo eles mesmo disseram, foi uma mescla de músicas do ultimo CD "The Earth Spits" com algumas outras do novo CD que a banda vai lançar entre abril e maio deste ano. Particularmente curti muito uma dessas novas (só não me pergunte o nome dela), onde nota-se algumas influências mais melódicas nos riffs de guitarra.
Logo em seguida, o KORZUS entrou em cena, e nem preciso dizer que foi uma apresentação excelente. A atual formação está estável há vários anos com a entrada do guitarrista Antônio Araújo, que acrescentou bastante na performance do grupo nos shows; sem falar que o mais recente CD “Discipline of Hate” foi um dos melhores lançamentos do Heavy Metal brasileiro em 2011. Desde então eles só vem crescendo cada vez mais. Com um setlist baseado nos álbuns mais recentes, abriram com “Guilty Silence”, passando por “Truth”, “Raise Your Soul”, “I Am Your God” e a obrigatória “What Are You Looking For”.
O SOULFLY demorou um bocado para entrar no palco. Tanto que a galera já estava impaciente e gritava pelo nome da banda. Mas a espera valeu a pena, pois qualquer reclamação foi esquecida quando por volta das 22h eles começam a tocar “Rise of the Fallen”. O público enlouqueceu ao ver Max Cavalera lá em cima com disposição total apesar da paralisia facial que o afetou nesta última semana. Aliás, que paralisia que nada, esse detalhe nem foi percebido! Prosseguiram com “Prophecy”, cantada em uníssono pela plateia, seguida de “Primitive”, “Dowstroy” e “Seek N' Strike”.
As próximas músicas relembraram a fase em que Max ainda estava no Sepultura, e para o orgasmo geral, tocaram a dobradinha “Refuse/Resist” e “Territory”, verdadeiros clássicos de sua antiga banda, seguida de “Porrada”, música que antecedeu o solo de bateria de Zyon Cavalera, filho de Max de apenas 18 anos, e que pelo jeito segue os passos do pai e do tio Igor Cavalera. E não é que o moleque toca bem pacas?
Tocaram mais algumas próprias, e deram inicio a um dos momentos mais empolgantes da noite, a dobradinha “Arise” e “Dead Embrionic Cells”, da fase áurea do SEPULTURA. Mas o melhor ainda estava por vir. Zyon deixou a bateria para ceder lugar ao tio Igor Cavalera, que foi ovacionado pela plateia. “Este é meu irmão, o melhor baterista do mundo”, diz Max. E tocaram “Troops of Doom”, que quase destruiu o Via Marquês. Para muitos ali, era a primeira vez que viam os irmãos juntos no mesmo palco tocando uma música da banda que ELES criaram. Então, descrever tamanha emoção ao presenciar esta cena é algo impossível. Em seguida, Igor devolveu as baquetas para Zyon, e apontou para o sobrinho como querendo dizer “agora é a vez dele detonar”. E executaram a clássica “Innerself”, que levou todos ao delírio.
Algo interessante e que não passou despercebido foram as crianças que estavam ao lado do palco, que depois fiquei sabendo se tratar de filhos e sobrinhos de Max Cavalera. Muito legal saber que a nova geração da família Cavalera talvez continue o legado dos pais. Prova disso foi a participação de dois filhos de Max cantando “Revengeance”, música que faz parte do novo álbum, que ainda será lançado. Sinceramente senti uma invejinha dessa molecada, pois nasceram em berço de ouro, e imaginei a vida legal que essa família deve ter. Ai como eu queria ser uma daquelas crianças!
Inveja boa à parte, a banda não esqueceu de “Roots Bloody Roots”, com certeza uma das favoritas da galera que curte a fase mais “groove” do SEPULTURA. Encerraram com “Jumpdafuckup” e “Eye For An Eye”, do primeiro CD do SOULFLY.
Com certeza uma noite memorável que não será esquecida tão cedo pelos fãs de Max, pois o cara já é uma lenda viva do metal brasileiro, um verdadeiro orgulho para nós, headbangers tupiniquins.
Obs: "Troops of Doom" com Igor Cavalera foi executada após "Bring It"

Fonte: Heavy Nation

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Sou bancário (e isso é muito ruim, acreditem), guitarrista e vocalista da banda Raiobitz (Rio Claro-SP), colaborador do Whiplash.net e pai em horário integral. Curto rock e todas as suas vertentes desde que me entendo por gente e quero compartilhar dessa paixão.