Apesar de não pertencer ao grupo dos "quatro grandes do thrash metal" (Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer), o Exodus é um daqueles nomes que merece um lugar entre as principais forças do gênero. Afinal, ao longo de seus mais de 30 anos de carreira - que teve dois hiatos -, o grupo lançou alguns dos álbuns mais potentes do metal, como "Bonded by blood" (1985) e "Fabulous disaster" (1987).
Não é de surpreender então que, mesmo após tantos anos, o quinteto seja capaz de registrar um disco digno da qualidade de seus primeiros passos como é o caso de "Exhibit B: The human condition", que saiu em 2010. Por apresentar canções longas - algumas com mais de sete minutos de duração -, o trabalho fez o grupo ser apelidado de "Pink Floyd do thrash metal".
"Todo mundo sabe que a América do Sul é uma loucura. Vocês têm o que acredito ser um dos melhores públicos do mundo", disse o guitarrista Gary Holt em entrevista por telefone ao G1. É com esse espírito que ele traz o Exodus de volta ao Brasil, para se apresentar no dia 20 de abril no festival Metal Open Air, em São Luís e, no dia seguinte, no Abril Pro Rock, em Recife, Pernambuco. Leia a conversa com o músico:
G1 – O Exodus está na ativa desde os anos 80 e muito aconteceu com o grupo desde então, com várias mudanças na formação, por exemplo. Como você descreveria o atual momento da banda?
Gary Holt – Estamos mais fortes do que nunca. A banda hoje em dia é nada além de quatro caras comprometidos, e estamos tentando fazer o som mais thrash e pesado possível. O mesmo vale para o show. Todos estão sabem o que tem que ser feito e tudo tem sido realmente incrível nos últimos tempos.
G1 – O que os fãs podem esperar do show do Exodus no Brasil? Vocês tocarão músicas novas?
Gary Holt – Violência total e mutilação sonora! Bom, tocaremos músicas que sempre apresentamos, mas garanto que tentaremos fazer com que seja ainda mais louco do que o anterior. Mas não vamos tocar músicas novas.
G1 – Vocês já vieram ao Brasil anteriormente. Do que se lembra do país?
Gary Holt – Todo mundo sabe que a América do Sul é uma loucura. Vocês têm o que acredito ser um dos melhores públicos do mundo. Sempre que vamos ao Brasil queremos fazer um grande show e tomar um monte de caipirinhas (risos).
G1 – Você tocou com o Slayer recentemente. Como foi essa experiência?
Gary Holt – Foi sensacional, fizemos algumas apresentações memoráveis na América do Sul, como, por exemplo, em Santiago, no Chile, para 14 mil pessoas... foi uma coisa incrível.
G1 – Muitas pessoas acham que o Exodus deveria fazer parte do que é conhecido como “os quatro grandes do thrash metal” [Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer]. Você concorda?
Gary Holt – Sabe de uma coisa, “os quatro grandes” são chamados assim apenas porque venderam mais álbuns. Eu realmente não perco o tempo me preocupando com esse tipo de coisa. Não me incomoda nem um pouco.
A banda californiana de thrash metal Exodus (Foto: Divulgação)
G1 – De onde veio todo o conceito por trás de “Exhibit B: The human condition”, o álbum mais recente do Exodus?
Gary Holt – Nós começamos com o “Exhibit A”. Dessa vez, queríamos fazer o álbum com a história mais épica possível. Quando começamos a trabalhar em “Exhibit A” já imaginávamos como seria o “Exhibit B”. Decidimos que seria algo bem pesado.
G1 – Este álbum tem faixas bem longas. Foi um passo natural a se tomar?
Gary Holt – Certamente. Alguém disse uns anos atrás que havíamos nos tornado o Pink Floyd do thrash metal (risos). Sabe de uma coisa? O próximo álbum talvez seja completamente diferente desses dois, porque sempre que vamos gravar um disco nós procuramos fazer exatamente o que queremos. A maioria das coisas novas talvez tendam a ser mais curtas, ainda mais rápidas e muito brutal. Já fizemos nossos álbuns com influências de Pink Floyd, agora queremos fazer discos que sejam como os do Discharge.
G1 – “Exhibit B: The human condition” é o primeiro álbum do Exodus a aparecer nas paradas desde “Force of habit”, de 1992. A banda se preocupa com coisas como vendas e críticas musicais ou se importa mais com a resposta do público?
Gary Holt – Aparecer nas paradas é bom, pois isso quer dizer que os fãs estão comprando os discos. Sobre as resenhas, todo mundo gosta das que falam bem e odeia as que falam mal, mas o que importa mesmo é o que os fãs vão pensar.
Fonte: G1