Depois de levar três mil pessoas ao Circo Voador em sua última passagem pelo Rio, em julho passado, os Raimundos vivem a expectativa de casa novamente cheia nesta sexta-feira, quando voltam à Lapa com o show "Roda viva". Aos velhos (e novos) fãs da banda, a novidade é a inclusão no repertório das músicas de seu primeiro disco, “Raimundos”, lançado há 18 anos. Mas as semelhanças com o próprio passado terminam aí, já que uma parceria entre o vocalista da formação original, Rodolfo Abrantes, e o grupo permanece descartada. "Roda viva" também batiza o DVD e a turnê que levou os Raimundos, um dos expoentes do rock Brasil nos anos 90, de volta aos principais palcos e festivais do país, após quase uma década percorrendo circuitos menores.
- O que está acontecendo agora é uma coisa que eu sempre quis. Depois que (o baixista) Canisso voltou, começamos a tocar a carreira da maneira certa. A saída dele descaracterizou a banda, porque fiquei na frente do palco, com dois integrantes desconhecidos do público. Fizemos uma revolução no setlist, que só trazia os hits, deixando de fora o nosso lado B. Isso era um equívoco. Foi um recomeço, além de termos largado todas as vaidades. Criamos metas e a principal delas era fazer o DVD - conta ao GLOBO o vocalista e guitarrista, Digão.
O disco de estreia, lançado em 1994, vendeu mais de 150 mil cópias. O rock pesado, com um toque de forró e outros ritmos do nordeste, ficou marcado pelas famosas “Selim”, “Nêga Jurema” e “Puteiro em João Pessoa”. A apresentação de sexta-feira, que traz essas canções clássicas, começa por volta das 23h, após a banda de abertura, Rancore. Os ingressos custam R$ 30 (com meia-entrada, doação de alimentos e Clube do Assinante O Globo) e estão à venda na internet ou na bilheteria da casa de show da Lapa.
- O Circo Voador é muito especial para nós. Ficamos até arrependidos de a gravação do DVD não ter sido lá. Por isso, vamos fazer uma sessão nostalgia, com ênfase no primeiro disco - diz.
E se houve um momento difícil, ele foi totalmente superado com o apoio dos fãs, que comparecem às apresentações e compram os produtos da banda. O passado de casas pequenas e agenda vazia ficou para trás. No momento, eles têm shows agendados até maio, de norte a sul do país.
- É a segunda vez que estou passando pela melhor fase que uma banda pode ter, quando todo mundo está unido. Cada show é comemorado como uma vitória. Nunca pensei em desistir. Os Raimundos têm muita história. Pensei em fazer uma carreira solo, mas acredito que a banda tenha uma vida própria. Acompanhei na internet os comentários quando decidi ser o vocalista. Todo mundo começou criticando, mas a balança foi mudando. Hoje em dia, a maioria dos fãs apoia a continuidade.
A boa fase não é somente nos palcos. Os projetos não param de aparecer e incluem gravação de CD de inéditas - que Digão diz já ter prontas -, além de shows em grandes festivais e casas de espetáculo.
- Vamos lançar um CD com músicas novas no final deste ano ou no início de 2013. Era para ser antes, mas surgiu um projeto no meio. Ainda é segredo. Só o que posso dizer é que somos nós tocando músicas de outras pessoas.
Reencontro com Rodolfo, com direito a foto no Twitter
Na última semana, os fãs dos Raimundos ficaram intrigados com uma foto publicada por Rodolfo em seu Twitter, em que ele aparecia ao lado de Canisso e Digão. Seria uma reunião? Uma volta ao passado? A reconciliação dos integrantes?
- Eu e Canisso estávamos no aeroporto de Congonhas tomando café e ele pediu que eu ficasse "de boa" quando viu Rodolfo se aproximando. Rodolfo disse que me ama e que eu não deveria acreditar no que as pessoas dizem. Eu o perdoei. É como ver uma ex-namorada e não sentir nada. Não nos falávamos há 11 anos. Só quando o pai dele morreu, que eu fui ao enterro, há uns quatro anos, mas só nos cumprimentamos - explica Digão.
Apesar do reencontro pacífico, o atual vocalista deixa claro que não há expectativas para a volta da formação original.
- Eu tenho que pensar que ele não vai voltar, senão não sigo a minha vida. O que acho dele eu já falei. Ele saiu da banda sem dar tempo de nos prepararmos e nos prejudicou. Na igreja, ele fala mal dos Raimundos, mas usufrui do dinheiro que os Raimundos ainda geram para ele. Se é tão do mal, ele deveria doar o dinheiro todo. Não tiro o mérito de ninguém, mas as pessoas têm mania de tirar o meu - finaliza o músico.
Matéria original em Globo Online
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