quarta-feira, 18 de abril de 2012

“Johnny viveu o sonho americano”, Linda Ramone fala sobre o ex-marido, guitarrista dos Ramones


Imagem: Divulgação

Johnny Ramone morreu em setembro de 2004, aos 55 anos, depois de uma longa batalha contra o câncer de próstata. Nascido John William Cummings no Queens, em Nova York, a lenda do punk rock foi uma personalidade singular. Ávido colecionador de pôsteres de filmes e de cartões de baseball, abertamente republicano – ele mencionou George Bush na cerimônia de introdução dos Ramones ao Rock and Roll Hall of Fame – e, acredite ou não, um dos guitarristas mais influentes do rock and roll.
Esposa de Johnny por mais de vinte anos, Linda está por trás do lançamento do livro “Commando: The Autobiography of Johnny Ramone” (em tradução livre, Commando: A Autobiografia de Johnny Ramone, ainda sem lançamento previsto para o Brasil), um item indispensável para qualquer fã.
“O livro se lê como Johnny”, diz Linda. “Rápido, direto ao ponto e têm toneladas de informações, como as avaliações de Johnny sobre os álbuns dos Ramones. Ele é brutalmente honesto. O livro é exatamente como Johnny Ramone. Quando você pega você sente como Johnny Ramone.”
Billboard falou com Linda sobre sua vida com Johnny e ela também é uma personagem e tanto. Falando em um ritmo Ramone e rápido com um cômico sotaque, ela continua se referindo a Johnny no presente, como se não acreditasse que ele já partiu. Ela também é apontada como a Yoko Ono do punk rock por ter namorado Joey Ramone por dois antes de deixá-lo por Johnny. Os dois companheiros de banda mal se falaram depois disso.
O lendário guitarrista também é um dos destaques da edição de abril da Billboard Brasil. Falamos com o companheiro de banda e amigo de infância Tommy Ramone e disponibilizamos a avaliação dos álbuns dos Ramones segundo Johnny, além de oferecer um relato dos principais pontos abordados em sua autobiografia.

Johnny era muito orgulhoso de ser um Ramone.
Oh sim, Johnny sentiu que era o rei. Os Ramones eram definitivamente uma banda influente. Johnny não se juntou aos Ramones até que tivesse 27 anos e disse que ia desistir de ficar sentado em seu quarto para o resto da vida para ser Jeff Beck, então ele só ia sair por aí e tocar. Ele desenvolveu seu próprio som, seu próprio estilo.

27 é um pouco velho para entrar em uma banda, certo?
Sim, ele era um trabalhador. Ele guardou 40 mil dólares. Ele sempre pensou em economizar e não usar drogas. Ele teve um despertar espiritual em seus 20 anos, mas mesmo assim ele é muito intenso e raivoso.

Como ele era longe dos Ramones?
Johnny sempre foi intenso, mas ele tinha um lado mais suave. Ele amava gatos. Ele era um bom marido? Sim, ele sempre foi um bom marido. Meu aniversário chegava e ele me comprava flores e eu dizia como ‘Oh, cravos, eu gosto de tulipas’, e ele diria, ‘bem, os cravos são tão bonitos quanto as tulipas, e são mais baratos’ (risos). Ele tinha um sorriso que podia derreter você.
Eu acho que o que me ligou ao Johnny foi que ele se apaixonou por mim enquanto eu estava saindo com o Joey, e Johnny sempre conseguia o que ele queria, é como ele é. Eu comecei a perceber o fato de que ele estava no comando. No comando da banda, ele estava no comando de onde eles tocavam. Não se esqueça de que ele mantinha aqueles livros de registro por toda a sua vida, mesmo antes de entrar nos Ramones, ele escrevia ‘eu vou cortar o cabelo hoje’, e depois que ele entrou nos Ramones ele escrevia, para este número de apresentações nós ganharemos este tanto, então toda vez que a banda ia a um clube ele ligava para o promotor e dizia: ‘nós estamos aqui, você nos deve este tanto de dinheiro’. Então ele sempre foi muito responsável.
Eu tinha 18 anos quando eu comecei a sair com o Joey, e quando comecei a sair com Johnny eu tinha 21, então sim, eu estava atraída pelo poder dele e ele era ótimo. Seu cabelo era ótimo.

Joey e Johnny não gostavam um do outro.
Eles eram amigáveis. Joey sempre quis ter um single que fosse um hit e Johnny não ligava muito, e é claro que quando larguei Joey teve algo a ver com isso, mas as direções dos Ramones estavam indo por dois lados diferentes. Johnny queria um hit e ser a maior banda do mundo, mas ele nunca se comprometeria. Eles falavam sobre negócios mas eles não falavam sobre começar isso. Você já esteve perto de bandas por 25 anos? Você acha que Mick [Jagger] e Keith [Richards] conversam? Você acha que Paul [McCartney] e John [Lennon] conversavam?

Johnny era um republicano assumido, pra falar o mínimo.
Johnny sempre foi um líder, nunca um seguidor, então ele não se importava se todos que ele conheciam eram democratas. Ele era republicano. Ele trabalhava duro e economizava. Esse era o lance. Os Ramones nunca teriam mesmo um grande hit, então você quer sair dos Ramones e fazer o quê, ter um emprego normal? O que você podia fazer naquele ponto? Então você tem que economizar seu dinheiro. O sonho americano é fazer dinheiro, economizar dinheiro e não depender de ninguém. Johnny viveu o sonho americano.

Você acha que ele teria corrido para o escritório?
Eu acho que, mais tarde, ele teria se tornado mais político. Quando ele mudou para Los Angeles e se aposentou ele provavelmente teria se inclinado mais para alguma coisa. Enquanto ele estava nos Ramones ele nunca realmente falou sobre política porque isso pode afetar os fãs a não gostarem de você.

Lisa Marie Presley escreveu o prefácio do livro.
Ela é uma grande amiga. Lisa vinha ao hospital todo dia. Eu continuo a vendo com frequência. Ela era uma das melhores amigas de Johnny.

Ele também tinha vários hobbies.
Ele colecionava pôsteres de filmes. Tudo que ele comprou poderia tornar-se um lucro. Ele tinha a maior coleção de cartões de baseball do país. Ele sempre teve hobbies. Ele diz que todo mundo definitivamente precisa de um hobby. Isso te mantém mais focado.

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Sou bancário (e isso é muito ruim, acreditem), guitarrista e vocalista da banda Raiobitz (Rio Claro-SP), colaborador do Whiplash.net e pai em horário integral. Curto rock e todas as suas vertentes desde que me entendo por gente e quero compartilhar dessa paixão.