segunda-feira, 23 de abril de 2012

Metal Open Air: UOL faz retrospectiva do "festival"


  • Outdoor na cidade prometia o Metal Open Air como o maior festival das Américas
    Outdoor na cidade prometia o Metal Open Air como o "maior festival das Américas"
Depois do cancelamento definitivo do terceiro dia do festival Metal Open Air, em São Luís, Maranhão, algumas das bandas que tocaram ou tocariam no evento ainda permaneciam na cidade neste domingo (22), assim como alguns fãs.
Grupos estrangeiros, como o alemão Destruction, esperavam seu voos para seguir em turnê ou apenas voltar para suas casas. Durante a noite, era possível ver os californianos do Exodus circulando junto com fãs pelo centro histórico de São Luís, onde a trilha regueira nas jukeboxes dos bares foi substituída por Black Sabbath e outras bandas de metal.
 
Outdoors publicitários do Metal Open Air espalhados pela capital maranhense, anunciando o evento como "O maior festival de rock das Américas", viraram motivo de piada entre os moradores.
 
Enquanto Felipe Negri e Natanael Jr., os dois principais organizadores, trocam acusações sobre a responsabilidade do fracasso, o público ainda não tem nenhuma posição sobre o ressarcimento do dinheiro investido nos ingressos.
 
Bruno Leal, supervisor do Procon Maranhão, sugere que as pessoas mantenham os comprovantes de pagamento, notas de consumo, e procurem a orientação de um advogado.

O NAUFRÁGIO DO METAL OPEN AIR, DIA A DIA
  • Estefani Medeiros/UOL
    Bar no centro histórico de São Luis, reuniu metaleiros que não tiveram opções depois do festival. A jukebox usada pelo espaço tocava clássicos como Black Sabbath (22/3/2012)
QUINTA-FEIRA (19)
No dia em que estava marcada a abertura do acampamento, os problemas do Metal Open Air já começaram a aparecer. O camping abriu com 5 horas de atraso, às 14h, deixando para fora gente que aguardava desde as 7h da manhã. A troca dos vouchers por pulseiras de acesso estava desorganizada, faltou água e energia elétrica no acampamento durante todo o dia. 
Á tarde, veio o primeiro grande cancelamento: a banda inglesa de black metal Venom alegou problemas de visto em comunicado divulgado em sua página na web.
 
A reportagem do UOL conferiu a estrutura do evento montada no Parque Independência por volta das 23h, e encontrou palcos incompletos e vigas metálicas no chão. Funcionários conectavam cabos das principais caixas de som a menos de 12 horas do horário marcado para o início do festival. 
 
SEXTA-FEIRA (20)
  • Honorio Moreira/UOL
    Público do camping toma banho no bebedouro dos cavalos do Parque Indepêndencia
A desorganização ficou ainda mais flagrante no 1º dia de shows. Uma fila enorme se formou em frente aos portões do Parque Independência logo pela manhã, enquanto o público acessava a área do festival em ritmo de conta-gotas. 
 
Do lado de dentro, era fácil notar que algo não ia bem: caminhões da equipe de montagem ainda circulavam, a praça de alimentação prometida se resumia a algumas poucas tendas, e os shows começaram com quase 5 horas de atraso. 
 
Mais um grande cancelamento: os ingleses do Saxon alegaram não ter recebido o cachê combinado. Em seguida, os produtores do Metal Open Air confirmaram falta de verba para realizar o festival.
 
O supergrupo Rock N'Roll Allstars, de Gene Simmons e companhia, também emitiu comunicado dizendo que não viria, junto com o o ator Charlie Sheen, anunciado como mestre de cerimônias.
 
Nos bastidores, tensão em torno da equipe do Megadeth e da viabilidade técnica do principal show da noite. Para piorar, faltou energia elétrica nos camarins dos músicos. Até os banheiros químicos receberam placas avisando que deveriam ser usados apenas pela banda de Dave Mustaine.
 
Depois do show do Destruction, um dos integrantes da banda se irritou com a falta de suporte da produção e se desentendeu com um membro da equipe.
 
Apesar de todos os problemas, shows das bandas Exciter, Almah, Exodus, Anvil, Symphony X e Megadeth garantiram a diversão do público no fim da noite. 
 
  • Papel em banheiro químico avisa restrição a integrantes do Megadeth: "Megadeth only"
SÁBADO (21)
O dia começou com o anúncio de cancelamento da banda americana Anthrax e da alemã Blind Guardian, as duas principais escaladas para o dia. Os músicos estavam em São Luís, mas alegaram falta de segurança e estrutura na área do festival.   
 
Shows começaram com 8 horas de atraso, após ameaça de cancelamento de todo o evento, e sem bandas para preencher o line-up. Um dos dois palcos foi desmontado. Num esforço de remanejamento, os brasileiros do Ácido e Dark Avenger subiram ao palco principal para que o público não ficasse sem atrações. 
 
Os holandeses do Legion Of The Dammed compensaram a espera dos fãs com um show incendiário. Foram os únicos estrangeiros a tocar nesse dia.
 
Em seguida, o Korzus entrou em cena pedindo ao público que não houvesse violência. Nos bastidores, os produtores Felipe Negri e Natanael Jr. trocavam acusações e tentavam convencer mais bandas internacionais a tocar no Metal Open Air. U.D.O. e Grave Digger, que também estavam em São Luís, optaram por ficar em seus hotéis. 
 
O 2º dia terminou sem 9 dos 13 shows prometidos e nenhum comunicado oficial da produção. Num prenúncio do cancelamento do dia seguinte, o único palco que funcionava começou a ser desmontado, e os portões se abriram para não-pagantes.
 
DOMINGO (22)
Os dois principais organizadores, Natanael Jr., dono da Lamparina Produções, e Felipe Negri, da Negri Produções, anunciaram o cancelamento oficial do terceiro dia do Metal Open Air. Algumas das bandas escaladas para tocar no domingo, como Obituary, Otep e Torture Squad, aguardavam na cidade.
 
Desolado, o público deixou em massa a área do acampamento. Alguns, sem poder remarcar as passagens de volta para casa, ainda passaram a noite no Parque Independência, contando com a proteção de um pequeno efetivo da Polícia Militar.

VEJA OS COMENTÁRIOS DO PÚBLICO E DAS BANDAS NO FESTIVAL

"Faltou dinheiro na reta final. Agora vamos tentar fazer o festival acontecer do jeito que der" - Natanael Jr., dono da Lamparina Produções, co-responsável com a Negri Produções pelo Metal Open Air 
“A gente perdeu o Abril Pro Rock, que é um festival de que gostamos muito, acreditando que ia dar tudo
certo aqui. Estamos tristes com os cancelamentos, hoje [sábado] queríamos ver pelo menos o Blind
Guardian" - Herico Hezion e José Everton, ambos da cidade de Patos, na Paraíba
"Gostamos muito do show do Korzus. Ele desviou um pouco a atenção dos problemas e a nossa raiva
para a música. Isso evitou uma tragédia. Os fãs de metal já são rotulados como marginais, a gente quis
provar que é diferente buscando uma saída judicial” - Allan Carvalho, de Sergipe
"Gostaria especialmente de agradecer à minha banda e minha equipe fabulosa por conseguir concretizar
esse trabalho. Se não fosse por minha equipe, especificamente, o festival provavelmente não teria
acontecido", Dave Mustaine, do Megadeth [leia comunicado]
“O heavy metal que eu acredito é feito de pessoas como vocês. Só não concordo com violência,
vandalismo, isso não é coisa de gente civilizada. Isso aqui não é uma guerra. Somos profissionais,
a gente não compactua com nada que aconteceu aqui. Representamos as bandas que não puderam
tocar e tiveram que voltar pras suas casas. A gente merece respeito” - Marcelo Pompeu, do Korzus
[assista ao vídeo]
“O preço dos serviços é outra coisa absurda. A gente pega um táxi e a cada hora é um preço diferente.
O taxista roda sem taxímetro e cobra até 30 reais. Os ônibus que a organização prometeu não funcionam” - Regina Natal, de Crisciuma (SC)
"Entendemos que a produção não foi capaz de proporcionar um ambiente adequado para o festival", comunicado da banda Blind Guardian
"Decidimos que é muito perigoso aparecer no festival. A produtora local não agiu de maneira profissional
e pedimos extrema cautela a qualquer um que esteja pensando em ir", Gene Simmons, em nome do
Rock 'N Roll All-Stars
"Tentamos de todas as formas durante dois dias reverter a situação uma vez que nosso cachê estava
pago, mas sem aéreas, fica impossível" - João Gordo, do Ratos de Porão
"O Wacken [festival de metal europeu] começou assim" - Edu Falaschi, do Almah
"Gostamos muito dos shows de bandas como Exodus, Destruction e Exciter. É uma pena não conseguir
assistir aos outros shows" - Lancelot Ferreira, de São Luis
“É muita sacanagem eles não virem avisar a gente de nada. Não sabemos o que está acontecendo,
a sensação geral é de indignação” - Cícero Luis, de São Luis (MA)
"Uma pena. É a única coisa que consigo dizer. Estou chocado com tudo isso" - Felipe Negri, produtor
da Negri [leia comunicado oficial]
"O prejuízo é enorme. Vou tomar uma série de medidas legais para depois ver o que posso fazer. Não
tinha como continuar depois do clima de ontem" – Natanael, produtor da Lamparina [leia comunicado]

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Quem faz o ROCK NA VEIA

Minha foto
Sou bancário (e isso é muito ruim, acreditem), guitarrista e vocalista da banda Raiobitz (Rio Claro-SP), colaborador do Whiplash.net e pai em horário integral. Curto rock e todas as suas vertentes desde que me entendo por gente e quero compartilhar dessa paixão.