Mostrando postagens com marcador metal open air. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador metal open air. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 20 de abril de 2012

'Pink floyd do thrash metal', Exodus diz que show será 'mutilação sonora'


Apesar de não pertencer ao grupo dos "quatro grandes do thrash metal" (Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer), o Exodus é um daqueles nomes que merece um lugar entre as principais forças do gênero. Afinal, ao longo de seus mais de 30 anos de carreira - que teve dois hiatos -, o grupo lançou alguns dos álbuns mais potentes do metal, como "Bonded by blood" (1985) e "Fabulous disaster" (1987).
Não é de surpreender então que, mesmo após tantos anos, o quinteto seja capaz de registrar um disco digno da qualidade de seus primeiros passos como é o caso de "Exhibit B: The human condition", que saiu em 2010. Por apresentar canções longas - algumas com mais de sete minutos de duração -, o trabalho fez o grupo ser apelidado de "Pink Floyd do thrash metal".
"Todo mundo sabe que a América do Sul é uma loucura. Vocês têm o que acredito ser um dos melhores públicos do mundo", disse o guitarrista Gary Holt em entrevista por telefone ao G1. É com esse espírito que ele traz o Exodus de volta ao Brasil, para se apresentar no dia 20 de abril no festival Metal Open Air, em São Luís e, no dia seguinte, no Abril Pro Rock, em Recife, Pernambuco. Leia a conversa com o músico:
G1 – O Exodus está na ativa desde os anos 80 e muito aconteceu com o grupo desde então, com várias mudanças na formação, por exemplo. Como você descreveria o atual momento da banda?
Gary Holt –
 Estamos mais fortes do que nunca. A banda hoje em dia é nada além de quatro caras comprometidos, e estamos tentando fazer o som mais thrash e pesado possível. O mesmo vale para o show. Todos estão sabem o que tem que ser feito e tudo tem sido realmente incrível nos últimos tempos.
G1 – O que os fãs podem esperar do show do Exodus no Brasil? Vocês tocarão músicas novas?
Gary Holt –
 Violência total e mutilação sonora! Bom, tocaremos músicas que sempre apresentamos, mas garanto que tentaremos fazer com que seja ainda mais louco do que o anterior. Mas não vamos tocar músicas novas.
G1 – Vocês já vieram ao Brasil anteriormente. Do que se lembra do país?
Gary Holt –
 Todo mundo sabe que a América do Sul é uma loucura. Vocês têm o que acredito ser um dos melhores públicos do mundo. Sempre que vamos ao Brasil queremos fazer um grande show e tomar um monte de caipirinhas (risos).
G1 – Você tocou com o Slayer recentemente. Como foi essa experiência?
Gary Holt –
 Foi sensacional, fizemos algumas apresentações memoráveis na América do Sul, como, por exemplo, em Santiago, no Chile, para 14 mil pessoas... foi uma coisa incrível.
G1 – Muitas pessoas acham que o Exodus deveria fazer parte do que é conhecido como “os quatro grandes do thrash metal” [Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer]. Você concorda?
Gary Holt – 
Sabe de uma coisa, “os quatro grandes” são chamados assim apenas porque venderam mais álbuns. Eu realmente não perco o tempo me preocupando com esse tipo de coisa. Não me incomoda nem um pouco.
A banda californiana de thrash metal Exodus (Foto: Divulgação)A banda californiana de thrash metal Exodus (Foto: Divulgação)
G1 – De onde veio todo o conceito por trás de “Exhibit B: The human condition”, o álbum mais recente do Exodus?
Gary Holt – 
Nós começamos com o “Exhibit A”. Dessa vez, queríamos fazer o álbum com a história mais épica possível. Quando começamos a trabalhar em “Exhibit A” já imaginávamos como seria o “Exhibit B”. Decidimos que seria algo bem pesado.
G1 – Este álbum tem faixas bem longas. Foi um passo natural a se tomar?
Gary Holt – 
Certamente. Alguém disse uns anos atrás que havíamos nos tornado o Pink Floyd do thrash metal (risos). Sabe de uma coisa? O próximo álbum talvez seja completamente diferente desses dois, porque sempre que vamos gravar um disco nós procuramos fazer exatamente o que queremos. A maioria das coisas novas talvez tendam a ser mais curtas, ainda mais rápidas e muito brutal. Já fizemos nossos álbuns com influências de Pink Floyd, agora queremos fazer discos que sejam como os do Discharge.
G1 – “Exhibit B: The human condition” é o primeiro álbum do Exodus a aparecer nas paradas desde “Force of habit”, de 1992. A banda se preocupa com coisas como vendas e críticas musicais ou se importa mais com a resposta do público?
Gary Holt – 
Aparecer nas paradas é bom, pois isso quer dizer que os fãs estão comprando os discos. Sobre as resenhas, todo mundo gosta das que falam bem e odeia as que falam mal, mas o que importa mesmo é o que os fãs vão pensar.
Fonte: G1


Metal Open Air: Saxon cancela show por "violação de contrato"


Metal Open Air começou hoje, com mais de quatro horas de atraso, com o show dos canadenses do Exciter, às 15h (que estavam agendados para tocar às 13h).
Além dos atrasos, o festival está sofrendo com problemas de infraestrutura e cancelamento de bandas. Depois docancelamento do Venom, ontem, o Saxon, também headliner do domingo, não tocará mais no evento por"grave violação de contrato por parte dos promotores", escreveu a banda inglesa em comunicado oficial. Além disso, as bandas brasileiras HangarHeadhunter DCStressUnearthly, Obskure Terra Prima também cancelaram suas apresentações.
De acordo com a  Rolling Stone Brasil, todos os grupos justificaram seu cancelamento com os mesmos motivos: nenhuma informação dos organizadores a respeito de passagens aéreas, vistos ou hospedagem. É possível que o Ratos de Porão seja o próximo a cancelar. João Gordo já manifestou no Twitter sua indignação com os organizadores.
"Atenção fãs de Ratos de Porão, estamos fazendo mó forza pra honrar nosso compromisso e tocar nesse tal de Metal Open Air. Se tudo der certo domingo é noiz. Mas uma coisa é certa: NÃO podemos ir a um lugar tão longe sem nossas passagens de volta pra casa, em nome do METAL ... estamos no aguardo ... Nossa manager deu o prazo de 2 horas pras passagens estarem em pungas se não já era", escreveu o vocalista.
Outro problema relatado foi um atrito entre os organizadores e os forncedores de equipamentos de som.

Metal: tatuador do Sepultura e professor da USP decifram logotipos de bandas


Pouco antes do lançamento do álbum “Arise”, em março de 1991, os integrantes da banda de metalSepulturaprocuraram o tatuador Bozó, de Belo Horizonte, para bolar uma marca para usar no miolo do CD. Procuravam um “símbolo tribal” que “representasse a banda”, segundo o guitarrista Andreas Kisser. O resto ficou na mão do ilustrador.
A inicial “S”, transformada numa sequência sinuosa de vértebras e espinhos emaranhados, virou um dos maiores símbolos do metal brasileiro. Estampou todos os discos seguintes, bandeiras, camisetas e bíceps de entusiastas do grupo.
Assim como o Sepultura, outras bandas de metal capricham na hora de criar suas marcas. Basta dar uma olhada no line-up do festival Metal Open Air, que começa nesta sexta (20) em São Luís (MA), para ter uma ideia. Letras das quais saem chifres, serifas com ângulos que lembram lâminas de espadas… Tem espaço para tudo.
“Provavelmente essas referências são motivadas na relação da proposta da música, que leva ao universo de demônios, bruxaria, etc”, diz o professor Luciano Guimarães, da ECA-USP. “Há uso direto ou variações da tipografia medieval gótica e algumas vezes desenhos inspirados na escrita celta.”
“A marca é a tradução visual da banda”, diz Daniel Trench, professor de análise gráfica da ESPM. “No caso do heavy metal, essas marcas circulam muito em meios não musicais: camisetas, tatuagens… Se o símbolo do Megadeth fosse escrito em fonte Helvética, definitivamente não teria a mesma graça”, diz, em reverência a uma das fontes mais populares atualmente.
Bozó oferece algumas dicas para quem busca inspiração. “Para criar uma boa marca, você tem que conhecer o som, escutar a música da banda enquanto está criando”, diz o mineiro, que já recebeu clientes estrangeiros para tatuar o “S” com seu inventor em pessoa. Gravar a marca em seu estúdio, no tamanho de um palmo, custa até R$ 700.
“Acho que quanto mais simples, melhor. O logo do Sepultura chega a ser complicado demais, com aquele monte de ossos”, diz seu criador, que se declara fã dos símbolos usados pelo Metallica e Raimundos.

Megadeth: "satanismo é objeto de fascínio, não de reverência"

Desde seu surgimento, o heavy metal tem sido atacado por detratores por constantemente fazer uso de temáticas obscuras. Assuntos como morte, demônios e magia negra pautaram, e até hoje pautam, as letras de um bom número de bandas inseridas nas mais diversas correntes do estilo, atraindo tanto críticos quanto pessoas que, por algum motivo, se sentiram parte de uma onda anti-judaico-cristã. No entanto, o discurso de grande parte dos músicos desses grupos - muitas vezes sujeitos de grande religiosidade - dá a entender que a realidade nunca foi sequer próxima disso.


Dave Ellefson, baixista do quarteto que se apresenta no Metal Open Air, nesta sexta-feira, em São Luís (MA). Foto: Getty Images



"É realmente interessante, porque a impressão geral sobre o estilo é que ele é formado por adoradores do demônio", disse ao Terra, aos risos, Dave Ellefson, baixista do Megadeth, que se apresenta, nesta sexta-feira (20), na primeira noite do Metal Open Air, em São Luís (MA). "Mas de onde diabos veio tudo isso? Nos anos 1980, havia, sim, um fascínio pelo lado escuro, satanismo e tudo o mais, mas nenhum de nós reverencia o demônio ou faz sacrifícios. Ao menos eu sei que não fiz e não conheço ninguém que os tenha feito."
Assim como seu colega de turnês Dave Mustaine, vocalista e guitarrista do quarteto, Ellefson é justamente um dos músicos que fazem parte do grupo de metaleiros cumpridores de tradições religiosas. Criado no luteranismo, denominação protestante de grande popularidade nos EUA, o baixista vê graça na forma como o heavy metal - e o próprio rock - foi estereotipado ao longo dos anos e não vê hipocrisia em ser um representante do estilo ao mesmo tempo em que faz orações em alguma igreja. "Se você realmente leva uma vida de fé, as pessoas percebem e o respeitam muito mais do que se fica falando sobre isso o tempo todo. Ao mesmo tempo, não tento impor minhas opiniões aos outros. De fato, nunca havia falado a respeito do assunto até a imprensa começar a abordá-lo."
Entre polêmicas e temas mais descontraídos, sempre tratados com a mesma leveza e senso de humor, Ellefson falou sobre a atual realidade do mercado metaleiro, comparou a paixão do estilo na América do Sul à demonstrada por torcedores nas arquibancadas dos estádios brasileiros e, naturalmente, deu detalhes sobre a apresentação que o Megadeth fará na capital maranhense - classificada por ele como um triunfo na carreira da banda.
Leia a entrevista na íntegra a seguir:
Terra - É a terceira vez que o Megadeth vem ao Brasil em menos de um ano. O que a banda trará de novidade nesta passagem pelo País, na qual se apresenta no Metal Open Air, em São Luís (MA)?
Dave Ellefson - Sabe, tentamos adequar nossos set lists de show para show. Acho que, neste em particular, em um grande festival de heavy metal, com um line up de bandas que irá criar um ótimo clima para toda a comunidade do gênero, será uma ótima oportunidade para incluirmos mais canções de nosso último álbum,Thirteen, aliadas aos clássicos de nosso enorme catálogo de discos. Como tocaremos em uma cidade que não está acostumada a ver esse tipo de evento, também poderemos resgatar canções há muito ausentes de nossas apresentações, além de outras que deixamos de lado no festival (SWU, em Paulínia) de novembro. Vai ser divertido, pois é uma cidade totalmente nova para o Megadeth, uma região do Brasil em que nunca estivemos, e ter a oportunidade de gravar nosso nome cada vez mais nas diversas paisagens brasileiras é um triunfo para nós.
Terra - No ano passado, além do SWU, o Megadeth também tocou em casas de shows fechadas, para públicos menores. Há muita diferença entre os dois tipos de apresentação?
Ellefson - Acho que a única diferença é que, quando tocamos em lugares menores, mudamos nosso repertório com uma regularidade maior do que o fazemos nos grandes festivais. Isso porque há certos estilos de canções que funcionam melhor nesses casos, pois elas traduzem melhor e de forma mais convincente o peso do Megadeth em set lists longos. Em festivais, no entanto, elas tendem a se perder dependendo do tamanho da produção, do tempo disponível no palco. Prefiro muito mais tocar em festivais voltados especificamente para o heavy metal do que nos de mainstream, pois isso nos dá a oportunidade de apresentar o nosso melhor ao longo de duas horas.
Terra - Depois de tantas passagens pelo Brasil você desenvolveu alguma relação especial com os fãs do País ou com a cultura local?
Ellefson - Sim, nós tentamos. Preciso dizer que o português não é a língua mais fácil do mundo de se aprender, mas fazemos nosso melhor para entender algumas das palavras para poder conhecer seus gostos. Claro, é muito mais difícil do que no continente europeu, por exemplo, onde nossa imersão acaba sendo bem maior. Quando vamos ao Brasil é sempre por poucos dias - desta vez, estamos indo apenas para o festival. Também tem o fato de o Brasil ser um país imenso, por isso estamos tão empolgados para ir a um novo lugar. Sabe, ao longo dos anos, cobrimos grande parte do planeta Terra graças ao Megadeth, então é muito excitante ir a uma nova cidade.
Terra - O heavy metal é um estilo interessante: se você observar o conjunto de bandas que faziam sucesso há 30 anos, constatará o fato de elas serem basicamente as mesmas que hoje são as mais bem-sucedidas do gênero. No entanto, alguns desses representantes, como o Judas Priest, começam a anunciar suas aposentadorias, o que logo deve ocorrer com outros grandes nomes. Baseado nessa realidade, como você vê o futuro do heavy metal dentro de uma ou duas décadas?
Ellefson - Isso é a mais pura verdade. Toda a indústria do entretenimento está mudando e aqueles que começaram anos atrás, como nós, puderam aproveitar o rock´n´roll quando ainda era uma forma financeiramente viável de entretenimento. E não era só na música. Tudo era ligado ao máximo ao ramo do entretenimento: o visual, o som, as letras, o sentimento, os shows ao vivo. No caso do thrash metal, nós fomos a voz de toda uma geração de pessoas ao unir fãs de heavy metal e punk rock, antes inimigos, em um mesmo ambiente pela primeira vez na história, algo verdadeiramente cultural. Hoje, todos estão tentando vender algo às pessoas - principalmente com esses smart phones, que são mais inteligentes do que nós (risos) - e acabamos com uma certa dificuldade em ssaber para quem dar atenção. É exatamente por isso que bandas como Megadeth, Judas Priest, Iron Maiden, entre outras no mercado há anos, continuam prevalecendo: a competição do mercado pela atenção das pessoas é tanta que os novos artistas acabam em desvantagem, sem receber a devida atenção.
Terra - Nos anos 1980 não havia nenhum lugar mais prolífico para o heavy metal do que a Europa. Isso, no entanto, mudou na década seguinte, e os EUA passaram a ser o grande celeiro de bandas do gênero - algo que ocorreu também no início dos anos 2000. Baseado em suas turnês com o Megadeth e em seu entendimento do assunto, qual dos dois está mais forte hoje em dia?
Ellefson - Sendo bastante honesto, eu acho que a América do Sul é atualmente um dos mercados mais fortes do mundo. Em 1991, quando fomos ao continente pela primeira vez, para tocar no Rock in Rio, isso já era visível, mas era um festival muito grande, com bandas de estilos diversos. Em 1994, quando voltamos, o estilo havia crescido de uma forma impressionante e a América do Sul já se mostrava um mercado emergente. Na época, já ouvíamos que a América Latina amava heavy metal, amava o Megadeth, mas, quando vi a reação dos fãs nos shows, parecia que estávamos em um novo Japão: o público tinha um fanatismo pelo gênero que nunca havíamos visto em nenhum outro lugar! Acho que, quando você junta o fato de os latino-americanos serem um povo muito passional com a enorme rivalidade existente entre torcedores de futebol, acaba tendo o playground ideal para o heavy metal.
Terra - Você poderia me explicar melhor essa comparação entre futebol e heavy metal?
Ellefson - Oh, eles são tão perfeitos juntos. Na verdade, a paixão é exatamente a mesma. No futebol você tem seu time do coração, seu jogador favorito, e no heavy metal isso ocorre da mesma maneira - o cara tem a banda favorita, o músico predileto, conhece cada nota tocada pelos músicos, cada palavra cantada, todas as capas dos discos. Na América do Sul, onde esse amálgama encontra seu exemplo perfeito, as pessoas parecem não dar tanto valor para as tendências atuais e, justamente por isso, aparentam ser muito mais felizes com muito menos, com as coisas simples. Nos EUA, sempre vem alguém reclamar comigo sobre as dificuldades com a crise do capitalismo, a perda de dinheiro. E eu sempre digo: "é engraçado, porque viajo para vários lugares do mundo e vejo pessoas de outras culturas, às vezes com muito menos, muito mais felizes com suas famílias, mais imersos em sua cultura, sua música, seus esportes.
Terra - Se o Brasil parece um ótimo mercado de heavy metal para os músicos estrangeiros, o mesmo parece não ocorrer com as bandas locais. Você vê algum grande representante do gênero no País?
Ellefson - Certamente o Sepultura. As pessoas sempre me perguntam se um dia teremos o Big 5 (o Big 4 foi uma turnê realizada em 2009/2010 que reuniu no mesmo palco Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax) ou um Big 6. Há muitos nomes que poderíamos incluir nesse projeto, mas o Sepultura realmente poderia ser um deles, pois a banda dominou o mundo, se tornou conhecida e admirada. O fato de eles terem vindo do Brasil em uma época em que o País se mostrava uma nação emergente, passando por suas próprias mudanças, os tornou ainda mais importantes. Acho que o Sepultura realmente deu enorme contribuição para o crescimento da popularidade do heavy metal entre os brasileiros e acabou entrando para o nicho dos ícones no estilo.
Terra - Você inclusive trabalhou com Max Cavalera...
Ellefson -Sim, trabalhamos juntos em algumas canções do Soufly (para o disco Prophecy, lançado em 2004). A oportunidade foi única, pois pude conhecer sua verdadeira essência e o motivo pelo qual sua música tem o sabor que tem. (O guitarrista) Andreas Kisser e eu também tocamos juntos, em uma banda de covers, e, ao conhecê-lo, entendi como funcionava a dinâmica de trabalho do Sepultura. Foi muito legal ver exatamente como a banda foi criada e como eles acabaram seguindo com seus próprios trabalhos depois da separação.
Terra - Do Brasil para o exterior, então, somente o Sepultura?
Ellefson -Bem, naturalmente estou pensando na maior de todas, naquela que realmente fez a diferença. Mas, claro, há outras. O Angra, por exemplo. O (guitarrista do quinteto) Kiko (Loureiro) é um instrumentista fantástico, no nível de admiração que caras como o (ex-Megadeth) Marty Friedman recebem na América do Norte.
Terra - Aproveitando o gancho de Marty Friedman, gostaria de saber se há algum motivo para o Megadeth ter trocado tantas vezes de formação. Afinal, do início da carreira até aqui, só restaram você e Dave Mustaine.
Ellefson -Isso nunca foi intencional. (O guitarrista) Chris (Poland) teve seus próprios problemas, por isso foi e voltou algumas vezes e agora segue com uma ótima carreira de fusion; o (baterista) Gar (Samuelson), que entrou quase ao mesmo tempo que o Chris, infelizmente acabou saindo junto com ele também, e assim por diante. Acho que o importante mesmo é que sempre procuramos continuar para, assim, fazer o próprio Megadeth seguir em frente. A grande mudança mesmo veio na época do Rust in Peace (lançado em 1990), quando eu e Dave nos sentamos e decidimos que queríamos mesmo era reformar o Megadeth, não apenas com uma mudança de line-up, mas no sentido mais amplo da palavra. Para mim, acima de todas as outras, essa foi a grande formação do Megadeth, tanto musicalmente quanto no sentido de produção.
Terra - E quanto ao line-up atual, com Shawn Drover e Chris Broderick?
Ellefson - O line up atual, além de ser o mais estável de nossa história, é também um dos mais fortes que já tivemos. Dave e eu estamos um pouco mais velhos e, claro, temos muita experiência; Shawn é um excelente baterista, uma pessoa maravilhosa, e Chris também. Além do mais, ambos são pessoas estáveis. Esse é o tipo de coisa que é muito importante quando se é jovem, pois você pode ser um ótimo músico, mas, muitas vezes, não é tão estável, e isso pode levar as coisas a simplesmente explodirem (risos).
Terra - Você também teve problemas no Megadeth, chegando a deixar a banda por quase dez anos - saiu em 2002 e só retornou em 2010. Como é hoje sua relação com Mustaine, o líder da banda?
Ellefson - Dave e eu estamos verdadeiramente indo bem, curtindo a companhia um do outro como dois músicos devem fazer quando tocam juntos. Além do mais, temos o luxo da experiência, o que pode não nos ajudar a saber o que irá funcionar musicalmente, mas nos dá totais condições de saber o que não irá funcionar.
Terra - E quanto ao processo judicial que você abriu contra ele em relação aos direitos do Megadeth depois de sua saída da banda? Isso não interferiu para o retorno?(Nota do Redator: Ellefson perdeu o caso, no qual exigia US$ 18 milhões em indenização a Mustaine)
Ellefson - Sabe, quando voltei para o Megadeth, minha atitude foi: vamos fazer isso pelos fãs. Eles são as pessoas que nos deram essa vida, que nos deram todas as oportunidades. Obviamente que, no início, tivemos a necessidade de fazer músicas para eles gostarem, mas logo percebemos que tudo o que gostávamos de fazer eles acabavam curtindo também. E essa é a realidade até hoje. Então vamos manter as coisas simples e continuar a jornada sem complicá-la.
Terra - Mudando completamente de assunto: sei que, assim como outros nomes do heavy metal, como o próprio Mustaine e Tom Araya, do Slayer, você tem uma relação bastante próxima com o cristianismo. O quão religioso você é?
Ellefson - É algo que eu pratico no meu dia dia. É meio que um retorno às minhas origens como uma criança luterana. Certamente não há nenhum fanatismo de minha parte. É apenas algo normal, de seguir as tradições.
Terra - Por ser um músico de heavy metal, estilo que constantemente aborda temas como magia negra e satanismo, você recebe críticas por causa de sua cristandade
Ellefson - Bem, há dois lados nisso. Acho que, se você realmente leva uma vida de fé, as pessoas percebem e respeitam muito mais do que se você ficar falando sobre o tema o tempo todo. Ao mesmo tempo, não tento impor minhas opiniões aos outros - de fato, eu nunca havia falado a respeito do assunto até a imprensa começar a abordá-lo. Mas é interessante mesmo, porque toco em uma grande banda de heavy metal e a impressão geral sobre o estilo é que é formado por adoradores do demônio (risos). Sabe, de onde diabos veio tudo isso? Nos anos 1980, havia, sim, uma fascinação pelo lado escuro, satanismo e tudo o mais, mas nenhum de nós reverencia o demônio ou faz sacrifícios. Ao menos eu sei que não fiz e nenhum dos amigos que tenho no meio fizeram. Muitos de nós escreveram canções sobre o assunto, mas foi pelo fascínio pelo tema. Além do mais, se você tem o bem, terá também o mal. Até na religião. Se você aceita Deus, o que é bom, você terá também de enfrentar o mal. Essa é a realidade das religiões em qualquer lugar.
Terra - Para finalizar: existe uma afirmação antiga, disseminada tanto entre músicos quanto entre fãs, que diz que os admiradores de heavy metal são os mais fiéis dentre todos os outros estilos. Você concorda com isso?
Ellefson - Acho que sim. Há certos estilos e gêneros musicais que realmente falam a linguagem das pessoas, e o heavy metal com certeza figura entre eles. Acho que o jazz - não o mainstream, mas aquele mais eclético, menos conhecido - é outro. Na música erudita, acho que ocorre o mesmo. Para mim, essa é a beleza do Megadeth: nós envolvemos todos esses estilos. Temos rock, metal, progressões jazzisticas, punk rock, elementos eruditos. Então eu entendo por que há um fascínio musical com o que fazemos, pois tentamos aplicar influências de todos os estilos para criar nossas canções.

Metal Open Air: Exciter dá o pontapé inicial com 5 horas de atraso


  • Show da banda Exciter dá início ao festival Metal Open Air, em São Luís (MA) (20/4/12)
    Show da banda Exciter dá início ao festival Metal Open Air, em São Luís (MA) (20/4/12)
A banda Exciter abriu os shows do Metal Open Air nesta sexta-feira (20), em São Luiz. A banda entrou no palco às 15h, para alegria do público que aguardava desde as 10h30, horário oficial do início do festival. Com toda a confusão em torno da produção e do cancelamento de algumas atrações, o horário previsto para o início das atividades havia passado para as 16h.
O Exciter deveria ter subido ao palco Cliff Burton às 13h. A banda só ficou sabendo do cancelamento dos shows do Venom e Saxon pela reportagem do UOL. "Sem problemas, vamos subir lá e tocar por quatro horas", brincou o vocalista.
Nesta manhã, a reportagem do UOL no local apurou que caminhões circulavam pelas áreas dos shows e que parte da estrutura, incluindo o palco El Diablo, continuava desmontada.

Mais uma banda nacional fora do Metal Open Air


Terra Prima e Headhunter D.C. não fazem mais parte do cast do Metal Open Air. As alegações das bandas foram basicamente as mesmas do Hangar: falta de apoio e financiamentos da organização do festival.

'O metal é uma alusão à vida, é amar e ser amado', diz vocalista do Shaman

Entre todas as bandas escaladas para o Metal Open Air, festival que acontece em São Luís a partir de hoje (20), o Shaman talvez seja a única que tem uma relação de fã, ídolo e, de certa forma, representante do grandioso evento no Maranhão.

Afinal, é do quinteto a canção "At M.O.A.", hino encomendado pelo festival que já foi ouvido quase 200 mil vezes online. Por outro lado, o vocalista Thiago Bianchi diz que quer muito assistir ao show dos "heróis" do Megadeth, banda da qual é "fã desde moleque", como disse em entrevista ao G1. Por fim, haverá a apresentação do próprio Shaman no dia 20, que promete descarregar no palco toda a energia acumulada nos ensaios que tem feito.



Em uma longa conversa com o G1, o músico falou sobre como foi gravar a música-tema do evento e deu explicações convincentes de como o heavy metal pode ser mais do que simplesmente um gênero: "é um som que te soca no olho como se fosse um jab do Mike Tyson". Leia a entrevista:



G1 – Como está a expectativa pra se apresentar em um festival como o Metal Open Air?
Thiago Bianchi – 
As expectativas são as maiores e as melhores possíveis. Estamos totalmente focados e concentrados para fazer a melhor apresentação da nossa carreira. Quando a gente esquece disso por alguns minutos, os fãs aparecem para lembrar.
G1 – Acha que vai ser uma grande festança?
Bianchi –
 Acho que tem tudo para ser o que já é, o maior evento de heavy metal da história do país. Dizer que a gente está empolgado seria algo pequeno para descrever o sentimento. Vamos poder dividir o palco com os maiores nomes do estilo, até mesmo com heróis, como é o meu caso: o Megadeth é a banda que eu mais gosto desde moleque. A gente gostaria muito que o público comparecesse, pois essa é uma festa para eles, na verdade.
G1 - O Brasil merecia um festival como esse, já que tem tantos fãs de metal?
Bianchi –
 Isso é uma coisa mais do que óbvia, porque a gente tem também as maiores bandas do estilo, mundialmente falando, como Angra, Sepultura e Shaman. Todas elas serão representadas de uma forma ou de outra. O Sepultura e o thrash estarão representados por bandas como Krisiun e Korzus, que é uma das maiores do mundo. Na minha opinião, demorou para ter um evento assim. Os festivais que a gente tinha e que celebravam o hard rock e o metal acabaram, então estava na hora de ter algo assim. Os eventos por aí não celebram o heavy metal.
G1 – O que você e banda mais querem assistir lá?
Bianchi –
 Gostaria de ficar os três dias, mas minha mulher está grávida, está pra ter bebê. Mas as bandas que com certeza eu vou ficar para curtir, nem que eu tenha que me amarrar lá, são: Megadeth, Blind Guardian, Symphony X e Rock N’ Roll All Stars, estou muito curioso para ver tantas lendas do rock juntas. E o próprio Charlie Sheen, vou levar uma camisa de boliche para ele autografar (risos). Também o Saxon e o Anthrax, claro, que marcou a todos nós e voltou agora com tudo. Para mim está sendo um sonho. Inclusive quando fizemos o hino do festival e eu estava escrevendo a letra, as maiores atrações estavam sendo confirmadas naquela semana, então eu escrevia uma pedaço, aí confirmava alguém e eu voltava e fazia tudo de novo, porque foi muito emocionante. No fim foi legal porque eu escrevi a letra mais como um fã e menos como um ídolo.
Os integrantes da banda paulistana Shaman (Foto: Divulgação)Os integrantes da banda paulistana Shaman (Foto: Divulgação)
G1 – Você que bolou toda a letra, certo? Não teve nenhum pedido específico do festival?
Bianchi – 
A música foi pedida pela produção do evento e no começo eles queriam algo que fosse mais como um jingle, parecido com aquele do Rock In Rio. Mas, em uma conversa com a produção, pensamos em fazer uma música de heavy metal mesmo, inspirada. Não é um jingle e não tem nenhuma aspiração a ser. Como é um evento de heavy metal, a gente tentou fugir dos parâmetros. Quando você fala de heavy metal, você fala de liberdade total de expressão musical, então você só tem que ter muita atitude. A gente queria fazer uma música de coração, do ponto de vista de um fã e também do ponto de vista de ídolos, já que os nossos fãs esperam da gente certas atitudes, determinadas energias. No fim, acredito que saiu uma música totalmente de coração. Sei que algumas pessoas esperavam uma canção mais fácil, de mais fácil digestão, mas não é o que representa o heavy metal. O heavy metal não é fácil de digerir, o heavy metal é um som que te soca no olho como se fosse um jab do Mike Tyson. O metal é uma alusão à vida, é amar e ser amado.
G1 – E como vai ser o show o Shaman?
Bianchi –
 A gente tem muitas surpresas, mas claro que não vou revelar. Espero que todos possam conferir ao vivo. Estamos com um show muito bem montado, temos ensaiado muito. O que eu tenho ficado mais impressionado com nós mesmos é que cada ensaio tem sido um show. A gente agita e faz paradinha nas músicas, fica se divertindo. A apresentação terá algumas participações, podem esperar que vai ter coisa boa. Vale a pena dizer também que vamos gravar um vídeo desse show.
G1 – Qual é a importância de ter um evento desse porte em um lugar como o Maranhão, que é longe de São Paulo e do Rio?
Bianchi – 
Se tem uma coisa que a gente pode celebrar aqui no país é a diversificação de raças. E o norte e nordeste geralmente tem ficado de fora da nossa história como polos financeiros. Acho até que demorou para se juntar ao resto do país, porque a força humana que existe aqui é muito grande e muito vem de lá. Acho que tá na hora de abrir as portas pra que nosso país se unifique em todos os pontos de vista. Vamos celebrar a nossa cultura.
G1 – O disco mais recente de vocês, "Origins", é um álbum conceitual. É complicado costurar uma história ao longo de várias canções ou é mais fácil justamente por ter um tema central ali?
Bianchi – 
Não quero soar redundante, mas dentro do heavy metal você lida muito com a emoção, não é um som que você faz por dinheiro. Hoje em dia é fácil você reparar como tem muita banda que faz música por dinheiro. O grande lance é realmente você colocar o coração na ponta da caneta e é difícil escrever uma história sob qualquer ponto de vista. A diferença desse disco pros outros é que ele tem uma história que eu já queria contar há muito tempo. Somos todos bem devotos de culturas místicas. A história do Amagat nada mais é do que uma história que amarra um pouco da história dos famosos avatares, tem um pouco da história de Buda, de Jesus, de Shiva... que de certa forma é a história da humanidade. O grande lance da história do Amagat é que a gente tentou explicar a origem dele, como ele influencia cada disco da banda. No fim, acabou saindo tão fácil que quando você lê e ouve o álbum tudo faz sentido e você se sente bem.

Quem faz o ROCK NA VEIA

Minha foto
Sou bancário (e isso é muito ruim, acreditem), guitarrista e vocalista da banda Raiobitz (Rio Claro-SP), colaborador do Whiplash.net e pai em horário integral. Curto rock e todas as suas vertentes desde que me entendo por gente e quero compartilhar dessa paixão.