terça-feira, 20 de março de 2012

Sebastian Bach diz que shows em SP foram o melhor e o pior de sua vida



O cantor Sebastian Bach (Foto: Divulgação)Sebastian Bach estava verdadeiramente preocupado, ou talvez traumatizado, quando chegou a São Paulo em 2010, para fazer o show de abertura da apresentação do Guns N’ Roses. Em sua visita anterior, 14 anos antes, ele havia feito aquele que considera o pior show de sua carreira. A situação era pouco favorável, justifica ele em entrevista aoG1, por telefone. Escalado para tocar num festival que trazia grupos essencialmente pesados, Sebastian não mereceu a melhor das recepções por parte de uma plateia formada por fãs de bandas como Mercyful Fate e Motörhead.
Na época, ele integrava a banda que o consagrou, o Skid Row. E a imagem que o vocalista cultivava pouco contribuía no sentido de garantir uma boa aceitação. Para além do fato de o Skid Row fazer uma música inadequada para a ocasião, o cantor trazia ainda resquícios do tempo em que costumava figurar nas paredes dos quartos de adolescentes que o tomavam por símbolo sexual. Isso, sobretudo entre o fim da década de 1980 e o princípio da seguinte.
O fato de o show de 1996 ter sido o último de Sebastian como membro do Skid Row dá a dimensão dos efeitos daquilo tudo. Mas então veio a excursão de 2010 e o novo encontro com a audiência de São Paulo. “Foi o melhor show da minha vida!”, resume ele, àquela altura em carreira solo. A turnê rendeu um apelido: Tião. Sebastian afirma ter gostado tanto, que pretende providenciar uma tatuagem.

Durante a conversa, Sebastian parecia despreocupado. E orgulhoso. O contexto agora é bem outro: prestes a embarcar para o Brasil, Sebastian tinha em princípio agendado um show em São Paulo (14 de abril) e outro em Porto Alegre (15 de abril), mas os ingressos para a apresentação paulistana se esgotaram tão rapidamente, que foi preciso marcar uma data extra (17 de abril).

Haverá um quarto show, no Metal Open Air, em São Luís (MA), onde Sebastian toca como membro do supergrupo Rock N Roll All Stars. Seus companheiros por lá serão Gene Simmons (Kiss), Joe Elliott (Def Leppard), Matt Sorum (Guns N’ Roses), Duff McKagan (Guns N’ Roses), Gilby Clarke (Guns N’ Roses), Glenn Hughes (Deep Purple), Ed Roland (Collective Soul), Steve Stevens (Billy Idol), Mike Inez (Alice in Chains) e Billy Duffy (The Cult).

Aos 43 anos, Sebastian estava em sua casa, em Bervely Hills, quando atendeu o
 G1. Ele divide o imóvel com um casal de amigos. O cantor assegurou que, nos shows da nova turnê, tocará músicas de seus álbuns solo – o último é “Kicking & Screaming” (2011) – e do Skid Row, hits inclusos (leia-se: "I Remember You", "Youth Gone Wild", etc.). Também comentou sobre sua carreira paralela, como ator, ele que já figurou em seriados como “Gilmore Girls” (2000-2007) e terá em breve uma aparição no próximo trabalho de Tom Cruise, segundo antecipou. Leia trechos a seguir.
G1 – Na sua passagem mais recente pelo Brasil, em 2010, quando abriu os shows do Guns N’ Roses, você mostrou que sabia falar um pouco de português, ao gritar para o público “Sai do chão!” e “Tira do pé do chão!”. Ainda se lembra do que isso significa? Suas habilidade no idioma melhoraram, andou praticando?

Sebastian Bach –
 (risos) Ah, não. Quando estou em turnê por esses outros países, tento falar um pouquinho da língua local. Porque acho que, se você está num palco diante de milhares de pessoas, é uma delicadeza tentar falar a língua delas, se elas não falam inglês. É para tentar me fazer entender...
G1 – Você deveria tentar repetir aquelas frases, parece ter dado certo.

Sebastian –
 Sim, sim. Venho excursionando pela América do Sul há 20 anos e sempre faço isso.
G1 – Naquela turnê de dois anos atrás, você ganhou um apelido: Tião. E ainda uma camisa do Brasil, onde estava escrito “Tião”. Ainda usa a camisa?

Sebastian –
 Eu vesti no Brasil por causa do que estava escrito, e ainda a tenho. Mas vou fazer uma tatuagem, escrever “Tião”! Porque é muito comovente os brasileiros terem um nome especialmente para mim. É legal.
G1 – Você tem outros apelidos, além de Tião?

Sebastian –
 Na Inglaterra, me chamam de Sab, é fantástico. No Japão, me chamam de Basu [soletrando]. Basu! (risos).
G1 – Nestas suas turnês atuais, você toca para seus antigos fãs, pessoas mais velhas que o desde a época do Skid Row...

Sebastian –
 Eu sou muito, muito sortudo mesmo, por ter uma carreira há décadas e décadas, tanto tempo, poder fazer meus shows como atração principal no Brasil. E depois tocar com o Rock N Roll All Stars... É incrível. Vou permanecer na América do Sul por mais de um mês, é fantástico. Rock and roll é impressionante, todo mundo ama. Aquilo que você carrega na alma fica com você pela vida toda.
G1 – Mas também vai haver gente mais jovem na plateia, pessoas que conhecem você graças a suas aparições em seriados de tevê, como “Gilmore Girls”.

Sebastian –
 No Canadá, tem um outro programa de tevê, chamado “Trailer Park Boys”, que é realmente famoso lá. Mas sempre fico impressionado com o tamanho de “Gilmore Girls”. Vou tocar na Austrália, no México – inúmeros países –, e várias vezes quando ligo a tevê do hotel, vejo que está passando “Gilmore Girls”... É um programa muito popular.
G1 – Você gostava do seu personagem na série, o Gil? Era um músico, afinal.

Sebastian – 
Sim. Eu gostava de aprender as falas, de me tornar um personagem, me tornar um cara diferente. A maioria dos programas de tevê de hoje são como competição de cantores ou coisa do tipo. Não existem mais programas em que você aprende a decorar um texto para interpretar um personagem. Sinto-me sortudo por ter feito isso.
G1 – Suponho que, atualmente, você esteja mais focado na música. Mas há alguma novidade nessa carreira de ator?

Sebastian –
 Bem, eu estou agora filmando um novo programa – um piloto – chamado “Beverly Hills Rock Royalty”. Participam a [ex-modelo] Cheryl Rixon, ela tem uma linha de joias chamada Royal Order, e o marido dela, Art Davis, que dono de uma casa noturna. E nós temos uma casa fantástica, onde moramos. É um bom programa. Também estou num novo filme chamado “Rock of Ages”, que será lançado no verão, com Tom Cruise, Catherine Zeta-Jones,Russell Brand, Alec Baldwin...
G1 – É um elenco de gente conhecida.

Sebastian –
 Encontrar todas essas pessoas é demais. Mas o rock and roll é meu primeiro trabalho. E eu também estou num novo seriado feito para a internet, chamado “Adults Only”, que você pode ver se visitar o meu site. É um programa engraçado. Estou sempre fazendo alguma coisa...
G1 – Voltando à nova turnê no Brasil. Eu assisti a um video em que você mandava um recado para os fãs de São Paulo, dizendo que, por causa da grande procura pelos ingressos, a organização decidiu agendar um segundo show na cidade. Você parecia realmente orgulho disso.

Sebastian –
 São Paulo tem um lugar especial no meu coração, porque foi onde aconteceu o último show do Skid Row antes de nos separarmos, em 1996. Depois, deixei a banda – e aquele foi o pior show da minha vida. Depois, quando voltei, em 2010, eu não sabia o que esperar de São Paulo. Mas, quando subi no palco, a reação da plateia foi muito impressionante, foi como se todos os fãs estivessem me dizendo: “Nós te amamos, cara! Sentimos muito pelo show de 1996, somos verdadeiros fãs de rock and roll, seja bem-vindo de volta!”. Foi o melhor show da minha vida! O melhor que já fiz.
G1 – O melhor de toda a sua carreira, você quer dizer?

Sebastian –
 Sim! Porque o anterior, em 1996, foi o pior! Em 2010, eu não sabia o que esperar, e os fãs deixaram muito claro que realmente me amavam, e minha música também.
G1 – Por que o de 1996 foi o pior?

Sebastian –
 Porque nós tocamos no [festival] Monsters of Rock, com todas aquelas bandas de death metal, como Mercyful Fate, King Diamond, Motörhead... Havia muitos fãs de death metal, era o público errado para o Skid Row. Então você pode imaginar que, ao voltar, 14 anos depois, depois de longo tempo, eu não poderia esperar [ter uma recepção favorável]...
G1 – Levando em conta as bandas dos membros originais do Rock N Roll All Stars, qual é a sua favorita? Difícil escolher uma, não?

Sebastian –
 É fácil responder: sou um fã do Kiss desde criança. Quando você é um garotinho e vê esses caras com maquiagens e fantasias, eles eram como super-heróis. Isso faz você se apaixonar pelo rock and roll. E, você sabe, este é o primeiro projeto paralelo do Gene Simmons fora do Kiss. É incrível ele ter escolhido fazer a turnê com a gente. Eu me sinto honrado.
G1 – O que vocês estão planejando tocar? Acho que não será exatamente um desafio encontrar hits para o show do Rock N Roll All Stars...

Sebastian –
 (Risos) É isso aí. Na minha turnê – passarei por Santiago, Buenos Aires, duas noites em São Paulo e outra em Porto Alegre –, vou tocar muito mais as coisas de minha carreira solo e do Skid Row. Serão todas as melhores músicas da minha carreira. [Mas] no show com o Rock N Roll All Stars, vamos tocar o melhor do Kiss, o melhor do Def Leppard, o melhor do Guns N’ Roses, o melhor Skid Row, o melhor do Deep Purple... Vai ser uma oportunidade incrível, vamos tocar bem, bem pesado.
G1 – Antes de terminarmos, gostaria que você comentasse aquela história envolvendo o Nirvana. Diz que o Kurt Cobain, logo que formou a banda dele, cogitou chamá-la de Skid Row. O que achou dessa possibilidade?

Sebastian –
 Sim, eu ouvi essa história, ela é ótima!
G1 – Mas quando você soube disso: na época ou só depois?

Sebastian –
 Ouvi essa história quando eles estavam começando a estourar. Lembro-me de estar na Inglaterra quando li no “NME” [semanário musical] e um dos caras da banda – acho que o Dave Grohl – dizendo: “Sim, a banda iria se chamar Skid Row, mas tivemos de trocar o nome porque não achávamos que este nome tivesse apelo suficiente”. (Risos) Eu pensei: “Quem são esses caras, p****?! Isso é besteira!”. (Risos) Na verdade, depois daquilo eu estive numa festa com o Dave Grohl, e ele é um cara incrível, engraçado, gosta de beber, de fazer festa... Também estive em festas com a Courtney Love [viúva de Cobain], e ela é muito legal. Na verdade, eles podem se tornar meus amigos, quem sabe...

Matéria original em G1









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Quem faz o ROCK NA VEIA

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Sou bancário (e isso é muito ruim, acreditem), guitarrista e vocalista da banda Raiobitz (Rio Claro-SP), colaborador do Whiplash.net e pai em horário integral. Curto rock e todas as suas vertentes desde que me entendo por gente e quero compartilhar dessa paixão.